sexta-feira, 1 de março de 2013

Agricultores do Alto Oeste preservam a pouca água armazenada nas cisternas com chuvas fracas


Com água, mas sem coragem para usar
Parte das cisternas construídas na região do Alto Oeste Potiguar através do convênio entre a Secretaria Estadual de Trabalho e Assistência Social (Sethas), e o Serviço de Apoio aos Projetos Alternativos e Comunitários (Seapac), já conta com alguma reserva de água, graças às chuvas, ainda que de baixa intensidade, que caíram durante o mês de fevereiro na região, mas não garante, pelo menos até o presente momento, a independência do carro pipa.

“Aqui sempre choveu pouco, mas esse ano parece que está pior. A última chuva foi no dia 17. De lá para cá não choveu mais”, lamenta o agricultor familiar, Marcelino Caitano, da comunidade Caititu, na zona rural do município de Luís Gomes. O agricultor cria, ainda, 30 cabeças de gado e teme pela resistência do pequeno rebanho caso a estiagem se prolongue por mais uns 30 dias.

As cisternas de alvenaria, construídas pelo convênio Sethas-Seapac – serão 1.301 só na região do Alto Oeste –, têm capacidade para armazenar até 16 mil litros de água. No entanto, como as chuvas na região entre os meses de janeiro e fevereiro ficaram abaixo da média, alguns reservatórios conseguiram captar menos de ¼ de água, o que tem deixado os moradores inseguros quanto ao uso da água captada. “E se depois essa daqui também se acabar, como é que nós vamos ficar sem chuva e sem água até para beber? Preocupa-se a dona de casa Maria Matias Nunes, da comunidade rural Caititu.

O secretário estadual de Trabalho e Assistência Social, Luiz Eduardo Carneiro Costa, esclarece que o programa de cisternas, o maior já executado no Rio Grande do Norte – ele assegura – , não é uma ação emergencial para a estiagem. “Trata-se de uma ação permanente de convivência com a seca. São reservatórios de alvenaria e que servem para o armazenamento de água das chuvas por muitos anos”, explica.

As famílias beneficiadas pelo programa de cisternas foram pré-selecionadas pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). O programa é fruto de um convênio entre o Governo do Estado do Rio Grande do Norte, através da Sethas, e o Governo Federal, por meio do MDS. Foram priorizadas pelo programa, as famílias inscritas no Cadastro Único da Assistência Social (do Governo Federal) e residentes em localidades rurais onde o acesso a água é mais difícil.

Para que o programa pudesse ser executado no Rio Grande do Norte, o Governo do Estado, através da Sethas, precisou fazer um desembolso de R$ 1,5 milhão, como de contrapartida financeira. “Foi uma ação que demandou muitos esforços, muitas idas e vindas a Brasília”, relembra o secretário estadual de Trabalho e Assistência Social, Luiz Eduardo Carneiro.

Para Damião Santos, coordenador do projeto pelo Seapac, instituição que venceu a concorrência pública realizada pela Sethas para a execução do programa no Estado, o mais importante para essas pessoas é saber que “agora, quando as chuvas vierem, em qualquer tempo, eles terão água armazenada, em um reservatório apropriado, durante o ano todo, na porta de casa”, reforça.

Na região do Alto Oeste, 14 municípios foram contemplados: Luís Gomes, Paraná, Marcelino Vieira, Venha Ver, Coronel João Pessoa. Segundo Damião Santos, até o dia 15 de março próximo todas as 1.301 cisternas previstas para a região estarão concluídas. Ele informa que 120 homens – parte deles, moradores da própria região – trabalham na construção dos reservatórios. No total, o programa prevê, até o final de junho, a construção de 3.100 cisternas de alvenaria em 47 municípios potiguares.

A cisterna de placa é uma tecnologia popular para a captação de água da chuva. A água que escorre do telhado da casa é captada pelas calhas e cai direto no reservatório, onde fica armazenada. Com capacidade para 16 mil litros de água, a cisterna supre a necessidade de consumo de uma família com cinco pessoas por um período de estiagem de, aproximadamente, oito meses.

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